Sem a participação das operadoras, a audiência pública realizada nesta quarta-feira, 27/11, na Câmara Federal sobre o 5G teve o debate entre fabricantes e a Associação Brasileira de Radio e Televisão (Abratel) sobra a interferência ou não da nova tecnologia no sinal da TV. O representante da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel), Wender Souza, disse que a tecnologia 5G vai interferir na transmissão da televisão aberta por parabólicas (serviço chamado de TVRO), por conta das faixas do espectro de radiofrequências determinadas pela Anatel para o 5G.
Conforme Souza, 22,1 milhões de domicílios, especialmente em regiões rurais e periféricas, têm acesso ao sinal de TV aberta por meio de parabólicas. Ele apontou uma solução tecnológica para isso, que, na sua visão, deve ser contemplada no edital do leilão: a Anatel pode migrar a faixa de frequência do serviço de TVRO ou pode determinar a distribuição de equipamentos para adaptar a recepção para a população cadastrada no Cadastro Único do governo federal. “50% desses 22,1 milhões de domicílios são de baixa renda”, estimou.
O diretor de Relações Governamentais da Ericsson, Tiago Machado nega a interferência do 5G no sinal das parabólicas e garantiu que grande parte dos equipamentos vendidos no Brasil são fabricados no País. Segundo ele, não há problema porque nas áreas remotas, o 5G não vai ser ofertado na faixa de 3,5GHz. “O 2G chegou ao Brasil dois anos depois que chegou no resto do mundo; no 3G foram seis anos de atraso, no 4G foram quatro anos de atraso. E no 5G temos a oportunidade de chegar um ano depois de países como Estados Unidos e Coréia, que certamente estão na vanguarda tecnológica”, advertiu.
Já a representante da organização da sociedade civil Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social, Marina Pita, defendeu que seja promovida uma política de desenvolvimento da indústria nacional. Hoje, segundo ela, o padrão do Brasil é de dependência tecnológica de outros países, e a Anatel vem eximindo as empresas de obrigações de investir em tecnologia nacional fixadas nos editais para o 4G. “As empresas não têm conseguido garantir os percentuais de equipamentos fabricados e desenvolvidos no Brasil talvez por ausência desse conjunto de políticas”, avaliou.
O presidente da Qualcomm para a America Latina, Rafael Steinhauser, endossou a posição da Ericsson e também pediu que a licitação para o 5G fosse acelerada. “Até agora está meio embananada. O senso de urgência é vital”, afirmou. “O Brasil pode ter a chance de ser o primeiro país da América Latina a lançar o 5G, e pode ser o último”, completou.
Segundo Steinhauser, com o 5G, a performance de download e streaming (transmissão on-line) é até 95% melhor do que no 4G. A melhor conectividade possibilitará também o desenvolvimento de carros autônomos, citou. Ele comparou o 5G à eletricidade ou à máquina a vapor em relação às transformações que a tecnologia pode trazer, inclusive para o agronegócio, a educação e a saúde.
Representante da empresa Huawei do Brasil, Atilio Rulli garantiu que a empresa trabalha com segurança cibernética e que a empresa é 100% privada. Ele foi questionado pelo deputado Marcio Marinho (Republicanos-BA) sobre a ligação da empresa, fundada na China, com o governo chinês. "O 5G vai trazer mais segurança que o 4G. Da mesma forma que a tecnologia evolui, a segurança também", adicionou o diretor sênior em governo e relações públicas da Huawei do Brasil.
A Superintendente executiva da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Karla Crosara, informou que o edital do 5G aguarda votação no conselho diretor da agência, o que deve ocorrer ainda este ano. “Sabemos da urgência da matéria, mas sabemos da importância de a decisão ser robusta”, disse. Garantiu que o edital vai ter instrumentos para massificar a banda larga no Brasil, com compromissos de abrangência em localidades que hoje não têm 4G. Conforme ela, mais de 65% dos municípios brasileiros já utilizam a tecnologia 4G, mas localidades fora das principais sedes dos municípios ainda usam o 3G.
Com relação ao embate 5G x parabólicas, karla Crossara, ponderou que dar prioridade ao atendimento a TVRO em detrimento da ampliação da cobertura móvel, como parte do leilão do 5G, exigirá que o governo defina uma política pública. Ela, entretanto, avalia que o atendimento deve se ater aos usuários do serviço em locais onde a cobertura da TV aberta não chega.
*Com informações da Câmara
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